domingo, 6 de fevereiro de 2022

Ampliando reflexões sobre o Hedonismo


O que há por trás do Hedonismo? Felicidade só existe com prazeres somáticos? Suas escolhas de vida te trazem felicidade? Inteligência emocional?

 Muita gente acredita que vida feliz é vida de prazeres. E pior, focam muito mais os prazeres somáticos – comida, sexo, drogas lícitas e ilícitas, festas, boemia... entre outros.

Mas não é raro encontrarmos gente infeliz, em depressão, sem motivação, apesar de investirem tanto nesses prazeres tão difundidos em nossa sociedade.

Com escritora do verbete Autossuperação do Hedonismo, e na intenção de trazer luz àqueles mais abertos e atentos, buscadores de autodesenvolvimento de inteligência emocional e inteligência evolutiva, trago neste artigo algumas reflexões adicionais ao tema.

Em 2017 defendi o verbete Autossuperação do Hedonismo (links ao final). Na configuração de consciência hedonista retardatária evolutiva, com resquícios do perfil, e ainda ligada a muitas consciências afins por este traço, este é um tema que sempre me interessa.

Diante de conflitos e sofrimentos resultantes do hedonismo em mim, e ainda o que tenho observado em pessoas próximas, tenho recorrentemente voltado a refletir. Todos querem ser feliz. E a vida é para trazer felicidade, sim! A questão é: através de que meios? E é aí que muitas vezes, as escolhas de vida em busca de prazer acabam trazendo mais prejuízos que benefícios.

O tema é complexo. Nestas reflexões trago apenas dois pontos para comentar.

O primeiro diz respeito à colocação da amiga Isabela Colares (verbete Belicismo Velado – links ao final), onde trouxe o fato da maioria ter hedonismo centrado nos prazeres do corpo físico. E o "inusitado" argumento do quanto esta busca por prazer revela o sofrimento oculto por traz do hedonismo exacerbado e focado no soma, como mecanismo de compensações, fuga, traumas, e tantas outras dificuldades íntimas. Traz na Tertúlia o exemplo clássico e comum o alcoólatra que bebe para esquecer as mágoas, entregue às "sensações" provocadas pelo álcool, ainda que o dia seguinte se configure em 16 horas de ressaca, como preço por muito menos horas de ingestão de álcool.

O segundo ponto, é a consideração à visão não materialista da existência. E, no meu caso, assumindo as bases científicas da Conscienciologia, novo Paradigma científico. Assim se entende que estamos aqui para evoluir através de reciclagens pessoais e interassistência. E aí se sobressai o propósito de vida da evolução consciencial.

Sim. Propósito é algo importante a cada consciência neste planeta. E há tantas abordagens dentro deste tema... A começar pelo fato da grande maioria dos 7 bilhões estarem na primária luta para sobreviver. E sem sequer alimento, moradia, emprego, para muita gente, fica difícil pensar em algum propósito além da sobrevivência existencial.

Mas foco aqui aqueles que já atenderam as necessidades mais básicas. Para quem conhece a "Pirâmide de Maslow", são os que já conseguiram ultrapassar sua base – fisiologia, alimento, moradia, condições de sobrevivência. Neste sentido, fica a dica para a qualificação dos "meios" para a felicidade. Propósitos sadios, inteligentes, evolutivos – afinal, mesmo que houvesse apenas uma vida, o ser humano que se desenvolve sempre colhe bons frutos.

Ao encontro da proposta de uma vida evolutiva e feliz, trago trechos do verbete Autossuperação do hedonismo. Para começar, itens que na verdade podem trazer sim, muitos prazeres e felicidades, sem os abusos do soma, e sem alimentar as buscas improdutivas de preenchimento de vazios existenciais e/ou compensações a traumas e outros sofrimentos íntimos. Vale salientar aqui que Epicuro*, um dos filósofos ditos difusores do hedonismo, na realidade muitíssimo distorcido, já falava em moderação, e prazeres relacionados ao equilíbrio íntimo, vida frugal, entre outras opções mais nobres que apenas os somáticos. Dos 26 tipos de atividades pra­zerosas do verbete, elenquei 10:

01.  Afeto: as vivências afetivas; o carinho, o afago, os mimos, a expressão de amor,
o se­xo sadio e monogâmico; os cuidados com os animais de estimação.

02.  Autocuidado: os investimentos estéticos e fisioterápicos; as ações de saúde preventiva.

03.  Cursos: os investimentos evolutivos; as heterocríticas úteis.

04.  Debates: as discussões úteis; o enriquecimento mentalsomático, as diferentes perspectivas.

05.  Encontros: os encontros de amigos e familiares; as refeições em conjunto.

06.  Exercícios: as atividades físicas moderadas e gratificantes, favorecendo a saúde ho­los­somática.

07.  Leitura útil: a ampliação da cognição; o lazer intelectivo.

08.  Passeio em a Natureza: a interação com energias imanentes; a respiração sau­dável.

09.  Trabalho: as tarefas desempenhadas a partir do trinômio motivação-trabalho-lazer.

10.  Voluntariado: o exercício gratificante do voluntariado, favorecendo a convivência sa­dia junto aos compassageiros evolutivos e permitindo a retribuição dos benefícios recebidos na vi­da humana atual.

 

Por fim, trago 4 das 8 alternativas de investi­men­tos terapêuticos para a profilaxia ou superação do hedonismo, de modo a tornar a existência pessoal mais evolutiva, qualificada e feliz.:

1.  Afetividade sadia: o equilíbrio da cognição com a maturidade emocional, contido no bi­nômio afeto-cognição; a dupla evolutiva promovendo reciclagens, solucionando carências
e am­pliando a interassistência.

2.  Autodiscernimento: o apreço pela autolucidez; o ajuizamento pessoal; a ampliação da inteligência emocional; a opção pela escolha evolutiva; a autocorreção; a prática da autocienti­ficidade; a consciência crítica cosmoéti­ca; a inteligência evolutiva.

3.  Erudição: os constantes investimentos na leitura técnica, a exemplo dos tratados e li­vros da Conscienciologia, Filosofia e Psicologia.

4.  Interassistência: o voluntariado; a docência; a escrita; a tenepes; a disponibilidade
à in­terassistência a tudo e todos.

 

Para aprofundamento e detalhamento destas ideias, ficam as referências mencionadas:

Collares, Isabela (2021). Belicismo velado:

Verbete-http://encyclossapiens.space/buscaverbete/index.php;

Tertúlia-https://www.youtube.com/watch?v=MVtVJVJcjNA&t=3847s .

 

Vieira, Clara (2017). Autossuperação do Hedonismo:

Verbete-http://encyclossapiens.space/buscaverbete/index.php; 

Tertúlia-https://www.youtube.com/watch?v=J1bf2bLQqTc&t=20s

 

*Sobre o desvirtuamento das ideias de Epicuro, cuja filosofia de prazer, foi desvirtuada a um hedonismo que hoje se concentra nos prazeres somáticos, muitas vezes levando a uma vida infeliz, ao invés da proposta de vida prazerosa, tenho a comentar:

Sobre os significados de Epicurista e Epicurismo trazidos nos dicionários "as palavras nunca foram mais sujas, vis, ou mais covardes do que quando se associaram à memória do Epicuro Ateniense" (Adaptado de Bradlaugh, Collins e Watts – referência original a buscar).

Em breve farei artigo comentando melhor o Epicurismo, totalmente diferente do que propõe o hedonismo como hoje compreendido. Pequeno artigo de onde copiei a imagem, resume o equívoco: https://www.netmundi.org/filosofia/2012/epicuro-a-filosofia-do-prazer/